quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Pretérito imperfeito

 O preterito imperfeito indica ação habitual no tempo passado, fato cotidiano que se repete muitas vezes (mas não indica a carteza de um fato acontecido, por isso chamado pretérito imperfeito).
 Situa os fatos num passado sem limetes presiosos: não há indicação exata do momento em que ocorre o fato. Podemos perceber que tais ações, situadas num passado impreciso, mostram um caráter repetitivo. (O personagem normalmente não prática a ação uma única vez, mais repetidas vezes no passado eles são habituais).

Pretérito perfeito

 o pretérito perfeito indica uma ação pontual, completamente terminada no passado, como cheguei, morei, passei, comi, começei e ouvi. Ele pe adequado para relatar ações ''fechadas'' (no momento, acontece e termina).

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Verbos no passado

 O autor do memórias literárias usa os verbos para marcar um tempo do passado. Vamos tratar dos tempos verbais essenciais no gênero memória: pretérito perfeito e pretérito imperfeito.

sobre memoria

  O gênero literario conhecido como memória compreende, além dos dados pessoais e biográficos, valiosos depoimentos históricos em que se registram fatos políticos e sociais, costumes e tendência artística.
 Dá-se o nome de memória ao gênero literário em que o autor, quase sempre em prosa, relata o que recorda, tanto de sua vida como dos acontecimentos marcantes do contexto em que ela trancorreu. As memórias têm como centro de interesse o próprio memorialista e são, por isso, trabalho fronteiriço com a autobiografia, o diário e as confissões.

As cocadas

Eu devia ter nesse tempo dez anos. Era menina prestimosa e trabalhadeira à moda do tempo. Tinha ajudado a fazer aquela cocada. Tinha areado o tacho de cobre e ralado o coco. Acompanhei rente à fornalha todo o serviço, desde a escumação da calda até a apuração do ponto. Vi quando foi batida e estendida na tábua, vi quando foi cortada em losangos. Saiu uma cocada morena, de ponto brando atravessada de paus de canela cheirosa. O coco era gordo, carnudo e leitoso, o doce ficou excelente. Minha prima me deu duas cocadas e guardou tudo mais numa terrina grande, funda e de tampa pesada. Botou no alto da prateleira. Duas cocadas só... Eu esperava quatro e comeria de uma assentada oito, dez, mesmo. Dias seguidos namorei aquela terrina, inacessível. De noite, sonhava com as cocadas. De dia as cocadas dançavam pequenas piruetas na minha frente. Sempre eu estava por ali perto, ajudando nas quitandas, esperando, aguando e de olho na terrina. Batia os ovos, segurava gamela, untava as formas, arrumava nas assadeiras, entregava na boca do forno e socava cascas no pesado
almofariz de bronze. Estávamos nessa lida e minha prima precisou de uma vasilha para bater um pão-de-ló. Tudo ocupado. Entrou na copa e desceu a terrina, botou em cima da mesa, deslembrada do seu conteúdo. Levantou a tampa e só fez: Hiiii... Apanhou um papel pardo sujo, estendeu no chão, no canto da varanda e despejou de uma vez a terrina. As cocadas moreninhas, de ponto brando, atravessadas aqui e ali de paus de canela e feitas de coco leitoso e carnudo guardadas ainda mornas e esquecidas, tinham se recoberto de uma penugem cinzenta, macia e aveludada de bolor.
Aí minha prima chamou o cachorro: Trovador... Trovador... e veio o Trovador, um perdigueiro de meu tio, lerdo, preguiçoso, nutrido, abanando a cauda. Farejou os doces sem interesse e passou a lamber, assim de lado, com o maior pouco caso.
Eu olhando com uma vontade louca de avançar nas cocadas. Até hoje, quando me lembro disso, sinto dentro de mim uma revolta – má e dolorida - de não ter enfrentado decidida, resoluta, malcriada e cínica, aqueles adultos negligentes e partilhado das cocadas bolorentas com o cachorro.